Se pecamos, precisamos de perdão. Se nos ferimos, precisamos de cura.Por:Adenilton Turquete ( Compartilhamento)
À luz das Escrituras sagradas, vamos tentar elucidar esse conflitante assunto que é tema constante de debates entre defensores da “cura interior” e os que afirmam que ela não é necessária ao cristão. O texto mais promissor para abordar este tema é o seguinte: Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2 Coríntios 5:17)
Algumas pessoas que defendem a não necessidade da cura interior usam este versículo como base para seu argumento, mas se levarmos em consideração todo o capítulo 5 da segunda carta de Paulo aos irmãos corintianos, vamos perceber que o apóstolo reconhece que enquanto vivemos neste corpo corpo terreno sentimo-nos oprimidos e sobrecarregados. De tal forma que até gostaríamos de revestir nosso nosso corpo atual com nova habitação eterna.
Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. (2 Coríntios 5:4)
Ora, se quando nos machucamos, procuramos um médico que nos faça um curativo e cure a ferida, não seria certo que nossas feridas internas, dores da alma, não sejam levadas diante de Deus para que seja realizada a cura?
Necessidades físicas e espirituais
Todo ser humano vive em meio a sobrecargas emocionais, o que gera feridas internas, muitas vezes imperceptíveis até que um algum momento extremo venham à tona. Nós construímos uma moldura em torno de nossa personalidade, transmitimos isso às pessoas ao nosso redor. Mas nossa mente armazena traumas, feridas profundas, ocultas em nosso subconsciente.
Quando não sabemos lidar com uma rejeição, por exemplo, empurramos esse sentimento para o fundo de nossa mente. Por fora transmitimos segurança para não desmoronar, mas por dentro criamos um muro na tentativa de represar os verdadeiros sentimentos.
Mas sempre existem os efeitos colaterais, a forma de extravasar aquilo que nos corrói por dentro, varia de pessoa a pessoa, mas sempre cai no lugar comum. O humor sofre alterações constantes, surge a depressão, comportamentos destrutivos que levam aos vícios como álcool e drogas, ou a dependência de antidepressivos.
Algumas pessoas procuram viver em atividade constante, arrumando sempre o que fazer, como que se ocupando o máximo de tempo possível, aquilo que está “lá dentro” vai, simplesmente, desaparecer. Viagens, baladas, aventuras radicais, nada disso cura de fato. O que cura é o Espírito Santo.
Eis que tudo se fez novo
Quando uma pessoa passa por um processo de conversão, não avaliamos mais essa pessoa por aquilo que ela possa parecer, sob o ponto de vista humano, mas como alguém novo, uma pessoa transformada. Antes poderíamos ver a Cristo como um simples ser humano, ele vivia como qualquer um de nós. Mas agora já não é dessa forma.
Muitas pessoas projetam no novo convertido, ou em qualquer cristão, a imagem da perfeição, da santidade, mas isso é um perigo muito grande, principalmente se a pessoa passar a se ver assim. Nós fomos separados para a santidade, para a perfeição, mas não alcançamos ainda aquilo que Cristo alcançou. Ainda vivemos nosso ministério terreno em nosso corpo corruptível, ainda somos pecadores, e uma das marcas do pecado são os traumas e feridas que suas consequência deixam em nós.
Se pecamos, precisamos de perdão. Se nos ferimos, precisamos de cura.
Somos novas criaturas, de fato, mas ainda não alcançamos a incorruptibilidade, portanto, necessitamos sim de cura interior. O fato de vivermos relacionamentos, que muitas vezes geram conflitos e, até, decepções, sempre nos torna vulneráveis no campo sentimental. Nossos relacionamentos geram ciúmes, egoísmo, inveja, etc. Principalmente no convívio entre irmãos na igreja, haja vista que hoje em dia, o convívio cristão tem se tornado muito competitivo.
Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2 Coríntios 5:16,17)
Conclusão
Sempre acreditei que precisamos de cura interior, mas questiono o método que alguns segmentos usam para levar os cristãos à cura. Lançar mão de mantras e de sobrecarga emocional não é eficaz para a cura interior. Existem algumas invencionices em nosso meio apenas para causar efeitos especiais e passar uma impressão sobrenatural do processo de cura.
Paulo termina o capítulo 5 de 2 Corintios falando do ministério da reconciliação. Deus nos reconciliou consigo mesmo, através daquilo que Cristo fez por nós e nos confiou a missão de anunciar essa mesma reconciliação. A reconciliação acontece por meio do perdão, essa sim a arma mais eficaz para a cura interior, uma vez que a maioria de nossas doenças da alma advém de nossos relacionamentos, sejam do passado ou do presente.
O perdão é libertador, é a fonte da cura de muitos de nossos traumas. O perdão é a mais perfeita expressão de ser cristão, pois somos fruto de perdão e devemos frutificar o perdão.
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