Jornal do Brasil (compartilhamento)
O senador cassado Delcídio Amaral afirmou à força-tarefa da Operação
Lava Jato que o o ex-ministro Antonio Palocci era o “software”, que
pensava os projetos do governo em benefício do PT e que os
ex-tesoureiros João Vaccari Neto, do partido, José Di Fillipi, das
campanhas presidenciais de 2010 e 2014, eram o “hardware”, que
executavam a arrecadação de propina com empresas beneficiadas no
governo. As informações são do Estado de S. Paulo.
“Antonio
Palocci sempre atuava na formatação dos grandes projetos do governo
(estruturação dos consórcios, organização dos leilões)”, teria afirmado
Delcídio, ouvido no dia 11 de outubro, em denúncia apresentada contra
Palocci pelos procuradores da Lava Jato, em Curitiba.
“Palocci
era como se fosse o ‘software’ do Partido dos Trabalhadores, enquanto
João Vaccari e José Di Fillipi eram ‘hardware’, ou seja, executores
daquilo que Antonio Palocci pensava e estruturava”, teria dito Delcídio,
que é delator da Lava Jato, segundo o Estadão.
O ex-ministro dos governos Dilma (Casa Civil) e Luiz Inácio Lula da
Silva (Fazenda) foi acusado formalmente à Justiça Federal no dia 28, por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele está preso em Curitiba,
preventivamente, desde o dia 26 de setembro, por ordem do juiz federal
Sérgio Moro.
O Estadão já havia destacado que Delcídio
Amaral teria afirmado em depoimento que Palocci era a “ponte” com os
empresários. Delcídio. “Antonio Palocci tinha uma tarefa bem
determinada: fazer a ponte entre o governo e os empresários, alimentar
as estruturas de poder (as campanhas)”, afirmou Delcídio.
O termo
complementar integra a denúncia apresentada na sexta-feira (28) pelo
Ministério Público Federal contra Palocci. No novo depoimento prestado
para instruir a acusação formal da Procuradoria contra o ex-ministro,
Delcídio disse que “Palocci tinha um apartamento em Brasília, um duplex
na Asa Norte, onde ele frequentemente recebia pessoas para contato”.
O
advogado que defende Palocci, José Roberto Batochio, reagiu à denúncia
do MPF. Segundo ele, “o único elemento considerado pela denúncia é um
papelucho tratado como ‘planilha’ sob a rubrica de ‘italiano’. Os
acusadores já apontaram esse ‘italiano’ como sendo Fernando Migliáccio,
depois Guido Mantega, depois um engenheiro italiano e, agora, na quarta
tentativa, querem atribuir este apelido a Palocci”.
Para o
advogado, o MPF “resolveu criar mais esta acusação, sem provas e nem
suspeita de lavagem de dinheiro, conforme seu relatório”.
Palocci é apontado por Azevedo como negociador de propina para campanha
Antonio
Palocci também foi apontado por Otávio Azevedo, ex-presidente da
holding Andrade Gutierrez, como responsável pela negociação da propina
nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, para o PT e para
o PMDB. A informação foi divulgada na segunda-feira (31) pelo O Globo, que destaca Palocci como suspeito de ter movimentado R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht.
De
acordo com o jornal, Azevedo disse, em depoimento de delação premiada,
que Palocci pediu 1% do valor da obra a ser dividido entre os dois
partidos e indicou que as quantias deveriam ser pagas a João Vaccari
Neto, do PT, e Edison Lobão, do PMDB, então Ministro de Minas e Energia.
O pedido teria sido feito durante um encontro num apartamento na Asa
Norte de Brasília, logo depois da ex-ministra da Casa Civil, Erenice
Guerra, comunicar que a proposta técnica da empresa havia sido escolhida
para tocar as obras da usina, e que a Andrade Gutierrez seria a líder
do consórcio, com participação de 18%.
Na delação, realizada em
agosto do ano passado, Azevedo afirmou ainda que Palocci lhe disse que o
governo pretendia consolidar o consórcio com a Andrade na liderança das
obras, mas, para isso, "seria importante que houvesse a contribuição
financeira para apoio político" ao PT e PMDB. Num segundo encontro, no
escritório de Palocci em São Paulo, o ex-ministro teria indicado os
nomes de Vaccari e Lobão.
Segundo O Globo, Flávio Barra já
havia sido ouvido em junho na sede da PF em Porto Alegre (RS), e contou
que Edison Lobão indicou o filho, Márcio Lobão, como o contato para
receber dinheiro destinado ao PMDB. Barra disse ainda que chegou a
entregar a Márcio Lobão, a pedido de Edison Lobão, R$ 600 mil em
dinheiro. O combinado teria sido feito pelo Whatsapp.
Autoridades
suíças confirmaram a existência de contas da família Lobão no país,
ainda de acordo com o jornal. Os investigadores encaminharam pedido de
cooperação internacional para receber as informações bancárias.
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