terça-feira, 1 de novembro de 2016

Delator: Palocci era ‘software’ e Vaccari e Di Fillipi ‘hardware’ do PT, diz jornal

 Jornal do Brasil (compartilhamento)
  
O senador cassado Delcídio Amaral afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que o o ex-ministro Antonio Palocci era o “software”, que pensava os projetos do governo em benefício do PT e que os ex-tesoureiros João Vaccari Neto, do partido, José Di Fillipi, das campanhas presidenciais de 2010 e 2014, eram o “hardware”, que executavam a arrecadação de propina com empresas beneficiadas no governo. As informações são do Estado de S. Paulo.
“Antonio Palocci sempre atuava na formatação dos grandes projetos do governo (estruturação dos consórcios, organização dos leilões)”, teria afirmado Delcídio, ouvido no dia 11 de outubro, em denúncia apresentada contra Palocci pelos procuradores da Lava Jato, em Curitiba.
“Palocci era como se fosse o ‘software’ do Partido dos Trabalhadores, enquanto João Vaccari e José Di Fillipi eram ‘hardware’, ou seja, executores daquilo que Antonio Palocci pensava e estruturava”, teria dito Delcídio, que é delator da Lava Jato, segundo o Estadão.


O ex-ministro dos governos Dilma (Casa Civil) e Luiz Inácio Lula da Silva (Fazenda) foi acusado formalmente à Justiça Federal no dia 28, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele está preso em Curitiba, preventivamente, desde o dia 26 de setembro, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. 
O Estadão já havia destacado que Delcídio Amaral teria afirmado em depoimento que Palocci era a “ponte” com os empresários. Delcídio. “Antonio Palocci tinha uma tarefa bem determinada: fazer a ponte entre o governo e os empresários, alimentar as estruturas de poder (as campanhas)”, afirmou Delcídio.
O termo complementar integra a denúncia apresentada na sexta-feira (28) pelo Ministério Público Federal contra Palocci. No novo depoimento prestado para instruir a acusação formal da Procuradoria contra o ex-ministro, Delcídio disse que “Palocci tinha um apartamento em Brasília, um duplex na Asa Norte, onde ele frequentemente recebia pessoas para contato”. 
O advogado que defende Palocci, José Roberto Batochio, reagiu à denúncia do MPF. Segundo ele, “o único elemento considerado pela denúncia é um papelucho tratado como ‘planilha’ sob a rubrica de ‘italiano’. Os acusadores já apontaram esse ‘italiano’ como sendo Fernando Migliáccio, depois Guido Mantega, depois um engenheiro italiano e, agora, na quarta tentativa, querem atribuir este apelido a Palocci”. 
Para o advogado, o MPF “resolveu criar mais esta acusação, sem provas e nem suspeita de lavagem de dinheiro, conforme seu relatório”. 
Palocci é apontado por Azevedo como negociador de propina para campanha
Antonio Palocci também foi apontado por Otávio Azevedo, ex-presidente da holding Andrade Gutierrez, como responsável pela negociação da propina nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, para o PT e para o PMDB. A informação foi divulgada na segunda-feira (31) pelo O Globo, que destaca Palocci como suspeito de ter movimentado R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht. 
De acordo com o jornal, Azevedo disse, em depoimento de delação premiada, que Palocci pediu 1% do valor da obra a ser dividido entre os dois partidos e indicou que as quantias deveriam ser pagas a João Vaccari Neto, do PT, e Edison Lobão, do PMDB, então Ministro de Minas e Energia. O pedido teria sido feito durante um encontro num apartamento na Asa Norte de Brasília, logo depois da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, comunicar que a proposta técnica da empresa havia sido escolhida para tocar as obras da usina, e que a Andrade Gutierrez seria a líder do consórcio, com participação de 18%.
Na delação, realizada em agosto do ano passado, Azevedo afirmou ainda que Palocci lhe disse que o governo pretendia consolidar o consórcio com a Andrade na liderança das obras, mas, para isso, "seria importante que houvesse a contribuição financeira para apoio político" ao PT e PMDB. Num segundo encontro, no escritório de Palocci em São Paulo, o ex-ministro teria indicado os nomes de Vaccari e Lobão
Segundo O Globo, Flávio Barra já havia sido ouvido em junho na sede da PF em Porto Alegre (RS), e contou que Edison Lobão indicou o filho, Márcio Lobão, como o contato para receber dinheiro destinado ao PMDB. Barra disse ainda que chegou a entregar a Márcio Lobão, a pedido de Edison Lobão, R$ 600 mil em dinheiro. O combinado teria sido feito pelo Whatsapp.
Autoridades suíças confirmaram a existência de contas da família Lobão no país, ainda de acordo com o jornal. Os investigadores encaminharam pedido de cooperação internacional para receber as informações bancárias.

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