Consumo das famílias ajudou na melhora no ano passado, mas desacelerou no último trimestre. Atividade ainda não voltou ao patamar pré-recessão.
Compartilhamento (Jornal El País)
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2019 cresceu 1,1% frente ao ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o menor avanço em três anos consecutivos de crescimento do país. Em 2018 e 2017, a atividade econômica brasileira teve alta de 1,3%, embora nos dois anos tenham registrados inicialmente avanço de 1,1%, dado revisto posteriormente. A retomada ainda muito lenta da economia brasileira pode, ainda, sofrer um revés neste ano com os impactos da crise causada pela disseminação do coronavírus pelo mundo.
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O resultado da atividade econômica de 2019 ―o primeiro ano do Governo de Jair Bolsonaro ― foi puxado pelo desempenho positivo das três atividades que o compõem o PIB: Agropecuária (1,3%), Indústria (0,5%) e Serviços (1,3%). Pelo lado da demanda, o consumo das famíliasajudou no crescimento, com alta de 1,8% no ano passado. Os investimentos das empresas (formação bruta de capital fixo) avançaram 2,2%, segundo resultado positivo após uma sequência de quatro anos negativos. O Consumo do Governo, por outro lado, teve variação negativa de 0,4%.
Apesar da sequência de resultados positivos desde 2017, a atividade brasileira ainda não voltou ao patamar pré-recessão. “São três anos de resultados positivos, mas o PIB ainda não anulou a queda de 2015 e 2016 e está no mesmo patamar do terceiro trimestre de 2013”, analisa Rebeca Palis, coordenadora das Contas Nacionais do IBGE. “A maior contribuição para o avanço do PIB vem do consumo das famílias, que cresceu 1,8%. Pelo lado da oferta, o destaque foi o setor de serviços, que representa dois terços da economia”.
Atividade desacelera no fim do ano
O PIB cresceu 0,5% nos últimos três meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior, o que representa uma desaceleração frente à expansão de 0,6% registrada no terceiro trimestre de 2019. A indústria e os serviços avançaram 0,1% e 0,56%, respectivamente no quarto trimestre. Já a Agricultura recuou 0,4%. O consumo das famílias também diminui no fim do ano, com um um avanço de 0,5% ante 0,7% no terceiro trimestre. A demanda do Governo aumentou 0,4% nos três últimos meses do ano passado. Já os investimentos caíram 3,3%. No setor externo, as exportações cresceram 2,6% e as importações tiveram queda de 3,2% no quarto trimestre de 2019, em relação ao período anterior.
“Após surpreender positivamente no segundo e no terceiro trimestres, quando subiu 2,6% e 1,3% respectivamente, a formação bruta de capital fixo [os investimentos] praticamente entregou todo o resultado caindo 3,3% no quarto trimestre. Não fosse a expansão dos gastos do Governo em e do setor externo em expansão teríamos um péssimo resultado”, afirma o economista-chefe da corretora Necton.
Efeito coronavírus
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)reduziu a estimativa de crescimento da economia mundial para 2020 e projeta um crescimento de 2,4%, a menor expansão desde 2009, Para o Brasil, no entanto, a previsão de crescimento da atividade foi mantida em 1,7% neste ano e em 1,8% em 2021. Nesta semana, o mercado financeiro brasileiro reduziu a estimativa de alta do PIB em 2020 para 2,17%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central —que leva em conta estimativa de mais de 100 instituições financeiras—, mas bancos e consultorias vem reduzindo as projeções e diversas instituições já estimam um crescimento abaixo de 2%. Economistas do Goldman Sachs reduziram nesta terça-feira suas expectativas de crescimento econômico para o Brasil em 2020 para 1,5% e estimaram que o Banco Central irá reduzir a taxa básica de juros em mais 0,5 ponto porcentual, para o valor de 3,75% ao ano.
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