quarta-feira, 4 de março de 2020

PIB avança 1,1% em 2019, uma fraca retomada que já perde fôlego diante do coronavírus

Consumo das famílias ajudou na melhora no ano passado, mas desacelerou no último trimestre. Atividade ainda não voltou ao patamar pré-recessão. 



Compartilhamento (Jornal El País)

Resultado de imagem para pibProduto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2019 cresceu 1,1% frente ao ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o menor avanço em três anos consecutivos de crescimento do país. Em 2018 e 2017, a atividade econômica brasileira teve alta de 1,3%, embora nos dois anos tenham registrados inicialmente avanço de 1,1%, dado revisto posteriormente. A retomada ainda muito lenta da economia brasileira pode, ainda, sofrer um revés neste ano com os impactos da crise causada pela disseminação do coronavírus pelo mundo.

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O resultado da atividade econômica de 2019 ―o primeiro ano do Governo de Jair Bolsonaro ― foi puxado pelo desempenho positivo das três atividades que o compõem o PIB: Agropecuária (1,3%), Indústria (0,5%) e Serviços (1,3%). Pelo lado da demanda, o consumo das famíliasajudou no crescimento, com alta de 1,8% no ano passado. Os investimentos das empresas (formação bruta de capital fixo) avançaram 2,2%, segundo resultado positivo após uma sequência de quatro anos negativos. O Consumo do Governo, por outro lado, teve variação negativa de 0,4%.
Apesar da sequência de resultados positivos desde 2017, a atividade brasileira ainda não voltou ao patamar pré-recessão. “São três anos de resultados positivos, mas o PIB ainda não anulou a queda de 2015 e 2016 e está no mesmo patamar do terceiro trimestre de 2013”, analisa Rebeca Palis, coordenadora das Contas Nacionais do IBGE. “A maior contribuição para o avanço do PIB vem do consumo das famílias, que cresceu 1,8%. Pelo lado da oferta, o destaque foi o setor de serviços, que representa dois terços da economia”.

Atividade desacelera no fim do ano

O PIB cresceu 0,5% nos últimos três meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior, o que representa uma desaceleração frente à expansão de 0,6% registrada no terceiro trimestre de 2019. A indústria e os serviços avançaram 0,1% e 0,56%, respectivamente no quarto trimestre. Já a Agricultura recuou 0,4%. O consumo das famílias também diminui no fim do ano, com um um avanço de 0,5% ante 0,7% no terceiro trimestre. A demanda do Governo aumentou 0,4% nos três últimos meses do ano passado. Já os investimentos caíram 3,3%. No setor externo, as exportações cresceram 2,6% e as importações tiveram queda de 3,2% no quarto trimestre de 2019, em relação ao período anterior.
“Após surpreender positivamente no segundo e no terceiro trimestres, quando subiu 2,6% e 1,3% respectivamente, a formação bruta de capital fixo [os investimentos] praticamente entregou todo o resultado caindo 3,3% no quarto trimestre. Não fosse a expansão dos gastos do Governo em e do setor externo em expansão teríamos um péssimo resultado”, afirma o economista-chefe da corretora Necton.

Efeito coronavírus

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)reduziu a estimativa de crescimento da economia mundial para 2020 e projeta um crescimento de 2,4%, a menor expansão desde 2009, Para o Brasil, no entanto, a previsão de crescimento da atividade foi mantida em 1,7% neste ano e em 1,8% em 2021. Nesta semana, o mercado financeiro brasileiro reduziu a estimativa de alta do PIB em 2020 para 2,17%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central —que leva em conta estimativa de mais de 100 instituições financeiras—, mas bancos e consultorias vem reduzindo as projeções e diversas instituições já estimam um crescimento abaixo de 2%. Economistas do Goldman Sachs reduziram nesta terça-feira suas expectativas de crescimento econômico para o Brasil em 2020 para 1,5% e estimaram que o Banco Central irá reduzir a taxa básica de juros em mais 0,5 ponto porcentual, para o valor de 3,75% ao ano.

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