ABI (compartilhamento)
Ministra do STF: Rosa Weber |
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu, na
quinta-feira (30), a liminar do jornal Gazeta do Povo para que as 42
ações contra o veículo e cinco profissionais sejam suspensas. Rosa Weber
reconsiderou sua decisão anterior que permitia que os processos fossem
julgados pela Justiça estadual. A ministra agora deve determinar se as
ações serão julgadas pelo STF ou pela Justiça do Paraná.
As ações foram movidas depois que o jornal publicou uma série de
reportagens que mostrava a remuneração paga pelo Tribunal de Justiça
(TJ) e pelo Ministério Público do Paraná (MP). Publicado em fevereiro
deste ano, o material compilou dados públicos para mostrar que, somados
benefícios, a remuneração total de magistrados e promotores ultrapassa o
teto do funcionalismo público em 2015.
Os processos são movidos por promotores e magistrados contra cinco
repórteres que querem indenização por danos morais que somam pelo menos
R$ 1,3 milhão em indenizações.
“Concedo a medida acauteladora para o fim suspender os efeitos da
decisão reclamada, bem como o trâmite das ações de indenizações
propostas em decorrência da matéria jornalística e coluna opinativa
apontadas pelos reclamantes, até o julgamento do mérito desta
reclamação”, diz trecho da decisão da juíza. A decisão da ministra
também determinou que se houver outras ações, elas serão automaticamente
suspensas até a próxima definição.
A Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) considera que os
juízes passaram a sofrer constrangimento e disse que não há tentativa de
intimidação nem ação coordenada. Já a Associação Paranaense do
Ministério Público (APMP) declarou que as ações não representam
tentativa de ferir o direito de informação.
Durante o 11° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da
Abraji, em São Paulo, dia 24 de junho, a ministra Cármem Lúcia se
pronunciou sobre os processos. Ela disse que os magistrados são parte interessada e, por isso, não podem julgar o caso.
“O que for considerado como atingindo expectativa, interesse ou
direito vai se entrar no poder Judiciário, vai se ingressar, na condição
de parte. Por isso que chamei a atenção que não sabemos a decisão que
um juiz pode provocar. Porque, realmente, se ele tiver qualquer
impossibilidade de julgar com imparcialidade, a parte contra aquele
jornalista ou aquela empresa jornalística que ele considerou, esse juiz
não poderá julgar”, considerou a ministra.
O Diretor de Redação da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Júnior,
agradeceu o apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) ao jornal
diante do constrangimento a que um grupo de jornalistas do veículo está
sendo submetido com 48 processos instaurados, em diferentes cidades, por
juízes e promotores do Estado do Paraná. Segundo a ABI, esse movimento
coordenado revela justamente o que se pretende ocultar: intimidar
jornalistas e cercear a liberdade de imprensa, um dos pilares do Estado
Democrático. No último dia 9, a instituição divulgou uma Nota
Oficial sobre o caso.
“A nota da ABI ajudou, sim. Deu peso para a primeira matéria
veiculada pelo Jornal Nacional, foi importante para passar à opinião
pública a dimensão do problema”, comentou o Diretor de Redação.
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