Agência Brasil (compartilhamento)
Juiz: Sergio Moro |
A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está com o juiz Sérgio Moro,
da 13ª Vara Federal Criminal, em Curitiba. Moro tem até cinco dias para
decidir se acata a denúncia dos procuradores que integram a
força-tarefa do MPF na Operação Lava Jato. A assessoria de imprensa da
Justiça Federal do Paraná informou que o despacho com a decisão deverá
ser publicado na próxima segunda-feira (19).
Caso a denúncia seja
acolhida por Moro, Lula se tornará réu no processo, bem como os outros
denunciados: a mulher do ex-presidente, Marisa Letícia da Silva; o
presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto; o ex-presidente da OAS Léo
Pinheiro; e quatro pessoas ligadas à empreiteira, Agenor Franklin
Magalhães Medeiros, Paulo Roberto Valente Gordilho, Fábio Hori Yonamine e
Roberto Moreira Ferreira.
É a primeira vez que o ex-presidente é denunciado à Justiça Federal no âmbito da Lava Jato.
Denúncia
Apesar
de o MPF acusar o ex-presidente de chefiar o esquema de corrupção
identificado na Lava Jato, Lula não está sendo denunciado por formação
de quadrilha. Os 13 procuradores da República que assinam o texto
afirmam que a denúncia é por corrupção e lavagem de dinheiro.
Saiba Mais
O
capítulo que trata disso ocupa mais de 40 das 149 páginas do documento.
Nesse trecho, os procuradores dizem que o governo de Lula foi viável
apenas por meio de “um esquema criminoso” envolvendo a compra de
parlamentares com propina e distribuição de cargos públicos. De acordo
com o texto, as irregularidades apontadas no mensalão e pela Lava Jato
são “faces da mesma moeda” e têm como vértice o ex-presidente.
Em
outras 40 páginas, os procuradores detalham as acusações direcionadas a
Lula, Léo Pinheiro e Agenor Medeiros pelo crime de corrupção. Eles
afirmam que o ex-presidente agiu de modo a facilitar contratos entre a
Petrobras e os consórcios Conpar e Conest, dos quais a OAS fazia parte,
para a realização de obras nas refinarias Repar e Rnest entre 2006 e
2012. Segundo a denúncia, o consórcio garantiu o contrato com o
pagamento de propina a diversos beneficiários, inclusive o
ex-presidente.
O segundo crime denunciado pelo MPF, lavagem de
dinheiro, ocupa quase 50 páginas do documento e está dividido em dois
momentos. O primeiro trata do triplex no Condomínio Solaris, em Guarujá,
no litoral paulista. Os procuradores afirmam que o imóvel foi
adquirido, reformado e decorado pela OAS em benefício de Lula e de
Marisa, como compensação pela atuação do ex-presidente no esquema da
Petrobras. Além de Lula e da esposa, foram denunciados nessa etapa Léo
Pinheiro, Paulo Gordilho e Fábio Yonamine.
Na denúncia por
lavagem de dinheiro, os procuradores afirmam também que Lula recebia
vantagens indevidas da OAS por meio de um contrato para armazenagem de
bens pessoais do petista. Conforme o texto, a empreiteira fez pagamentos
mensais por cinco anos à empresa Granero Transportes para que esta
guardasse objetos pessoais do ex-presidente, depois que ele se mudou do
Palácio da Alvorada. Essa parte da denúncia também inclui Paulo Okamotto
e Léo Pinheiro.
Requerimentos
Os 13
procuradores que assinam o documento não pedem a prisão de Lula ou de
qualquer outro denunciado. Deltan Dallagnol, líder da força-tarefa que
produziu a denúncia, disse ontem que essa prática é um “padrão” para
“não antecipar juízos ou avaliações”.
Os autores da denúncia
pedem, no entanto, que o juiz Sérgio Moro ordene o ressarcimento de
danos à Petrobras por parte do ex-presidente, na ordem de R$ 87,6
milhões. O texto também solicita que se implique aos denunciados a
“perda, em favor da União, de todos os bens, direitos e valores
relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes”.
Os
procuradores indicaram, ainda, uma lista com 27 testemunhas para serem
ouvidas, caso a denúncia seja acatada na Justiça Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário