sábado, 26 de janeiro de 2019

“Fé e ciência não se contradizem”, explica Adauto Lourenço

Professor defende que “a ciência devidamente estabelecida e a Bíblia, corretamente interpretada, não entrarão em contradição”

Compartilhamento (Gospel Prime)
Adalto Lourenço
Durante a “Escola de Governo Theopolis”, realizada esta semana na Comunidade das Nações, em Brasília, diferentes especialistas falaram sobre a necessidade de a Igreja buscar um diálogo mais claro com a sociedade, sem abrir mão de suas convicções.
O Gospel Prime acompanhou o evento e falou com Adalto Lourenço, autor de vários livros sobre Criacionismo e a perspectiva cristã da ciência. Formado em Física pela Bob Jones University, na Carolina do Sul, EUA, ele também possui mestrado em Física pela Clemson University, Carolina do Sul.
Dividindo seu tempo entre o Brasil e os Estados Unidos, Lourenço é um dos maiores cientistas cristãos em atividade, dedicando-se também a ensinar sobre apologética, a defesa da fé. Estes foram os principais tópicos de sua palestra e da entrevista realizada após o evento.

Ciência e religião nãos se misturam?

Do ponto de vista cristão, toda ciência devidamente estabelecida e a Bíblia, corretamente interpretada, não entrarão em contradição. Tudo que a ciência tiver descoberto, se for a verdade, não será contraditória ao que a Bíblia diz, pois o autor é o mesmo. O autor da natureza e o autor da Bíblia é o mesmo, ou seja, ele não dirá algo na natureza que contrarie o que ele diz na Bíblia.
Um exemplo prático é vermos nos primeiros versículos de Gênesis que o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Portanto, deve haver água no início do universo. A ciência já descobriu corpos celestes a 13 bilhões de anos-luz de distância da gente, ou seja, no início do universo, que contém moléculas de água. Ou seja, ciência e Bíblia estão brigando? Não! Estão falando exatamente a mesma coisa.
Ao pensarmos sobre esse tema na educação: vamos deixar a verdadeira ciência ser ciência. Passaram-se quase 200 anos desde a teoria da Evolução de Charles Darwin, mas ela não oferece evidências. Não existem leis na biologia evolutiva, portanto o modelo está errado. Um modelo que não tem evidências e não produz leis está errado. Se alguém tem dúvidas, basta lembrar do modelo geocêntrico, não havia leis nem evidência, portanto estava errado!

Apologética no Brasil

Décadas atrás, chegamos a ter um grupo muito grande de apologetas brasileiros, gente espetacular. Contudo, o tempo foi passando e não formaram uma nova geração. O que nós temos hoje é muito material que vem de fora. Mas nem sempre as discussões lá de fora são as mesmas discussões que temos aqui. Precisamos tomar cuidado em como trabalhar isso melhor por aqui.
Nós temos que preparar uma nova geração. Dentro do Criacionismo temos um projeto para abordar também o design inteligente. Se não produzirmos novos pensadores, isso pode acabar em 20 anos.
Diferenças de opinião na Igreja sobre questões científicas
Igreja brasileira precisa ser confrontada com o fato de que se acreditarmos que a Bíblia é verdade, resolvemos todo o problema. O problema é acreditarmos que a Bíblia e mais alguma coisa é a verdade. As Escrituras tratam dessa verdade absoluta em todas as áreas, seja em questões comportamentais, de relacionamento com a natureza e com o outro. Está tudo prontinho na Bíblia. Mesmo assim, alguns ministérios ensinam algumas coisas que entram em contradição com o que ensinam outros, gerando um ‘ruído’, nem sempre entendido pelos membros.

Declarações da ministra Damares Alves

As recentes declarações da ministra Damares Alves, rebatidas pelo ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), trouxeram a tona um debate saudável.
Quando se fala em misturar ciência e religião é preciso lembrar que existe o ‘criacionismo científico’, mas também o ‘criacionismo religioso’ e o ‘criacionismo bíblico’.
O científico diz que processos e leis da natureza não teriam trazido à existência a vida. Não se baseia em nenhum pressuposto religioso, não trata de Deus, de nada. Por meio dele entendemos e provamos que o universo e a vida foram criados, mas não pode dizer quem o criou.
Ao falarmos em trazer o criacionismo para a sala de aula é necessário se perguntar qual deles vamos estudar. A biologia tem de ensinar o criacionismo científico, não o bíblico. Nas aulas de astronomia ou matérias similares vamos ensinar o científico.
Ao falarmos que ciência e religião não se misturam, até certo ponto isso é verdade, mas não é só isso. Jesus disse: dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Em outras palavras, devemos dar à ciência o que é da ciência e a Deus o que é de Deus. Não tente espiritualizar a ciência porque não funciona. Precisamos trabalhar a ciência como ela é, com todas as suas descobertas.

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