O ministro ainda defendeu a permanência de crucifixos nos tribunais por conta do valor cultural
Gospel Prime
Há muitas pessoas pregando o fim das religiões se valendo do conceito
Estado laico, presente na Constituição Federal. Em nome da laicidade,
se opõem a qualquer tema relacionado a religiões, desde símbolos em
locais públicos, participação de religiosos na política e até opiniões
desse grupo na esfera pública.
Mas para o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes o
conceito de Estado laico, presente na Constituição brasileira, não
significa um Estado inimigo da religião.
“A laicidade não pode ser confundida com laicismo. A ideia de um
Estado laico não significa que nós tenhamos um Estado que seja inimigo
da religião ou, ainda, um Estado indiferente à questão religiosa”, disse
ele nesta segunda-feira (10).
Mendes participava de uma palestra com o tema Constituição e
Religião, promovida pela Associação dos Advogados de São Paulo e
defendeu que o conceito presente na Constituição só se refere a proteção
do Estado às religiões.
“Do ponto de vista constitucional, decorre para o Estado não só o
dever de abstenção, mas também o dever de proteção das várias religiões,
evitando perseguições, ataques, toda as formas de afetação do exercício
da liberdade.”
Ainda segundo o ministro, há valores religiosos que também são
valores culturais e estão presentes até mesmo nas leis brasileiros. O
mesmo ocorre com símbolos religiosos como os crucifixos nos tribunais.
“A ideia da laicidade do Estado não leva a uma postura de supressão
desses elementos, que, a um só tempo, são, para uns, elementos de
caráter religioso, mas, para outros, elementos de caráter cultural”,
afirmou Gilmar Mendes.
O ministro do STF diz que é a favor da manutenção dos crucifixos nos
tribunais. “Seu eu tivesse que decidir um caso no Supremo Tribunal
Federal, eu diria que esse crucifixo não é uma manifestação religiosa,
mas é uma manifestação da cultura cristã. E isso não me parece que deva
ser eliminado.”
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