O juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato,
disse hoje (31) que “o custo da corrupção sistêmica é algo
extraordinário”, ao participar de palestra no Fórum Exame: Prepare-se
para planejar 2016. O juiz afirmou também que o enfrentamento da
corrupção trará ganhos ao país no longo prazo.
Ao
falar sobre corrupção sistêmica, o juiz disse que as provas colhidas na
Lava Jato e as delações premiadas de envolvidos no esquema apontam que o
pagamento de propina em contratos da Petrobras era comum. ”Embora
existam vários casos que demandam julgamento, as provas, indícios,
indicam aquele quadro informado pelos chamados colaboradores da Justiça,
que em todo contrato da Petrobras havia pagamentos”, disse. “A
corrupção como crime é um tipo de crime que sempre vai acontecer, não
importa o que nós façamos, a não ser que num futuro muito distante nos
transformemos em anjos”, acrescentou.
Na palestra,
Moro citou o caso da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, que teve os
custos elevados, como exemplo de contrato com indícios de
irregularidades. Com previsão de ter a construção finalizada em 2010, o
início das operações da refinaria ocorreu em dezembro de 2014. “Entre as
testemunhas, agentes da Petrobras, o comentário é que a refinaria não
será paga se funcionar em toda a sua vida útil, um prejuízo”, disse.
Em março, o ex-gerente-geral da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Glauco Legatti, negou superfaturamento na obra em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. De
acordo com Legatti, mais de 90% dos contratos foram em reais e o
projeto final foi orçado em R$ 26 bilhões. Segundo ele, o valor de US$
18 bilhões seria resultado de uma contabilidade da variação da taxa de
câmbio. “Ela foi contratada por R$ 26 bilhões, em 2009, vim aqui [ao
Congresso] e disse que a refinaria custava próximo de R$ 12 bilhões.
Como é que a gente explica esse negócio de US$ 13,3 bilhões que foi pra
US$ 18,5 bilhões? A Petrobras converte todos os seus investimentos para
dólar, que na época era [cotado a] R$ 2,438.”
A reportagem entrou em contato com a Petrobras e aguarda posicionamento.
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