Deus não pode ser minimizado para ser explicado, muito menos humanizado.
O tema não é novo e sequer está perto de esgotar-se. Com a ofensiva
crescente do ateísmo militante e sua supremacia dentro do círculo
acadêmico, cada vez mais os cristãos estão se deparando com a
necessidade de argumentar em defesa de sua crença.
E o antigo “problema do mal” é sempre um dos primeiros, mais enfáticos e recorrentes temas elencados.
A grosso modo, podemos caracterizar o problema do mal como todo
questionamento da existência de Deus a partir da premissa de que a
existência do mal no mundo inviabiliza a crença em um Deus bom e
onipotente.
Se Deus é o criador, bom e onipotente, o mal não deveria existir.
Se existe é, ou porque Deus não é inquestionavelmente bom, ou não é
onipotente. Se fosse totalmente bom, não toleraria o mal; se onipotente,
não o permitiria.
Se o mal existe, portanto, um Deus com tais característica não pode coexistir com ele.
Geralmente o questionamento surge acompanhado de exemplificação. Se
Deus existe, por que então permite que milhares de inocentes morram em
terremotos? Por que permite que crianças inocentes morram de fome na
África? Por que permite que alguns de seus filhos nasçam com
deficiências severas e que outros, sem culpa alguma, sejam acometidos
por doenças mortais?
Por que permite a desigualdade? Por que não fulmina aqueles que se locupletam usando Seu nome?
Os questionamentos são múltiplos e vêm sempre acompanhados daquela
postura condescendente. O ateu moderno sempre parece “estar fazendo o
favor” de discutir tais questões com alguém que se apega em mitos e não
na racionalidade fria e nos fatos.
A adoção de tal postura nada visa senão a desqualificação do oponente
antes da argumentação propriamente dita. É um mecanismo de defesa, que
enfatiza que, em tal disputa, a lógica só pode estar de um dos lados.
O problema do mal é vasto e difícil de enfrentar porque o homem
insiste em inferir que sua própria lógica é imponente e que o conceito
de um possível Deus deve satisfazer sua cosmovisão, invertendo o óbvio
pressuposto de que, um Ser Todo Poderoso e imanente não pode ser
compreendido ao bel prazer analítico de suas criaturas.
A ótica de Deus e a do homem não são excludentes, ademais, não é mister que espere-se o prevalecimento da cosmovisão do segundo.
Quando o cético evoca a incompreensão para conceder ao problema do
mal o caráter de indesvendável, decidindo , portanto, que há uma
contrariedade que comprova não haver Deus, ou, na melhor das hipóteses,
não prova sua existência, está ofendendo a premissa inicial.
A premissa de que Deus é Deus e o homem é homem.
E que os atos de um Ser Supremo estão sujeitos às suas próprias condições e demandas, e não as do ser que criou.
Atribui-se puerilidade à sustentação da existência de Deus, enquanto o
ateísmo se atribuiu a condição de verdade vetusta, sem, na verdade,
mergulhar na lógica dos fatos propostos pela própria discussão.
Os ateus disseram que Deus estava no banco dos réus e os cristãos
acreditaram, invertendo a lógica verdadeira de defesa-acusação.
Deus não pode ser minimizado para ser explicado, muito menos humanizado.
Entender isso é o primeiro passo.
Debateremos o Problema do Mal? De acordo. Mas o pressuposto inicial
para que um Deus Todo-Poderoso exista é que ele não precisa estar
sujeito aos caprichos ideológicos e retóricos de nenhum de nós, pois não
precisa caber em nosso conceito próprio de sabedoria.
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